
Você pode ainda não ter percebido, mas só no centro de São Paulo há mais de 420 imóveis abandonados, dentre eles casas, prédio comerciais, residenciais, e até mesmo espaços pertencentes ao Estado.
Ao mesmo tempo há milhões de pessoas em moradias subumanas, sem nenhum saneamento básico ou estrutura suficiente para uma educação e um crescimento de qualidade e liberdade.
Essa disparidade se da por um processo muito forte de especulação imobiliária que acaba sempre levando mais e mais pessoas para a margem da sociedade, além de impor uma visão de propriedade privada embutida na população, levando a uma abstração da sociedade em relação as injustiças sociais; tudo isso para não de fato discutir a existência e permanência
de milhares de moradores de rua, favelas, cortiços ou em situação de risco; que permanecem nessas condições mesmo com os inúmeros imóveis desocupados a décadas
Em nosso cotidiano, nos defrontamos cada vez mais com o aumento do processo de exclusão social em todos os níveis, principalmente na saúde, na educação e na moradia, e conseqüentemente na qualidade de vida. Vemos pessoas sendo excluídas a todo instante de um processo de "desenvolvimento", onde se prima o acúmulo de riquezas nas mãos de uma minoria, e as condições subumanas para a grande maioria. Esse processo é visível na questão da moradia onde em todos os momentos se trata o conceito de habitação como uma mercadoria, e esta como acúmulo de riquezas e não como um direito básico à vida. Mais do que isso, é uma manutenção e sustentação de um acúmulo de riquezas nas mãos de poucas pessoas, enquanto a maioria se afunda na profunda pobreza .
Contra esse processo a população vem aos poucos tomando conhecimento e efetuando atuações isoladas ou conjuntas, brigando para ser ouvida e para sanar as injustiças não só do processo de moradia, mas também de educação, cultura, etc; problemas esses que destroem cada vez mais a construção de uma sociedade justa e digna.
Atualmente encontramos diversos movimentos sociais que lutam em nosso país ou mesmo fora dele, como na América Latina, Europa, ou Ásia, contra esse sistema mercadológico da habitação. Englobando uma luta muito maior do que simples moradia digna e lutando por uma vida onde a qualidade e direitos humanos possam ser respeitados, proporcionado assim uma visão mais humana; a visão do individuo como ser, e não como objeto descartável em baixo de pontes, beira de rios guetos ou periferias. Identificamos essa atuação quando vemos grupos montando squats ( imóveis abandonados que são ocupados para serem espaços culturais), pela atuação de movimentos urbanos que reivindicam a moradia, o transporte, a cultura, etc, ou em movimentos campesinos que lutam por uma reforma agrária. Todos lutando contra alguns processos dessa trágica globalização. Afinal, é um direito nosso ter um lugar para morar e nenhum processo de ganância ou injustiça social pode nos tirar.